O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prometeu transformar várias áreas estratégicas em Portugal — entre elas, o setor social. Com um envelope financeiro ambicioso, uma das principais linhas de intervenção foi a chamada “Nova Geração de Equipamentos e Respostas Sociais”. No entanto, ao analisar os dados disponíveis até junho de 2025, o cenário revela-se preocupante.
O que estava previsto?
Em setembro de 2023, o relatório do 3.º trimestre apontava para um orçamento de cerca de 417 milhões de euros destinado à nova geração de equipamentos sociais. Para se ter uma ideia da dimensão, este valor corresponde a aproximadamente 35% a 40% de todo o orçamento anual da ação social do Estado português (que ronda os 1.100 a 1.200 milhões de euros).
Poucos meses depois, no relatório de dezembro de 2023, o orçamento foi aumentado para quase 600 milhões de euros. Ou seja, em três meses, adicionaram-se mais de 180 milhões de euros a uma linha já considerada significativa.
E o que foi realmente executado?
É aqui que surge o problema: os dados de execução real não acompanharam o aumento orçamental.
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Em junho de 2023, tinham sido gastos apenas 45 milhões de euros.
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Em setembro de 2023, o relatório referia um total executado de cerca de 296 milhões de euros, embora sem clarificar se se tratava de valor consolidado ou promessas de gasto.
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Em junho de 2024, o único número atualizado foi uma execução de apenas 30 milhões de euros adicionais desde setembro. Ou seja, a soma total executada, até à data, deverá rondar os 330 milhões de euros, face a um orçamento de 600 milhões.
Conclusão: a taxa de execução ronda apenas os 55%, o que é um valor muito baixo para um programa com impacto social tão elevado e um prazo tão limitado.
Onde foi aplicado o dinheiro?
Segundo os dados e observações do vídeo, a maior parte do investimento tem sido canalizado para:
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Imobiliário e construção civil (construção de equipamentos sociais);
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Compra de veículos elétricos.
Estes gastos podem ter benefícios pontuais, mas não resolvem estruturalmente os problemas do setor social. O erro mais grave poderá estar na subfinanciação das áreas mais estratégicas, como a gestão, a inovação e a tecnologia.
O caso do “Radar Social”
O programa Radar Social tinha um orçamento previsto de cerca de 40 milhões de euros, com o objetivo de melhorar a coordenação e monitorização da resposta social. No entanto, até à data, foram executados menos de 4 milhões de euros — menos de 10% do valor previsto.
Num setor que precisa desesperadamente de inovação e de sistemas de informação eficientes, esta execução é, no mínimo, um sinal de que algo correu mal.
Tecnologia: A grande esquecida
O vídeo denuncia um erro estratégico grave: resolver problemas sociais com “tijolo”, em vez de investir em tecnologia e eficiência. Setores como o comércio, a logística ou a saúde têm vindo a transformar-se profundamente com base em soluções tecnológicas. No setor social, com milhões disponíveis, preferiu-se construir edifícios em vez de criar soluções inteligentes, ágeis e eficazes.
Então, o PRR foi um bluff?
É essa a pergunta que deixamos no ar. A conclusão do vídeo é clara: a execução do PRR no setor social está muito aquém do prometido, tanto em quantidade como em qualidade. Houve uma oportunidade real de modernizar a resposta social em Portugal — mas os dados mostram que estamos, talvez, a repetir os mesmos erros do passado.
Assiste ao vídeo completo para uma análise aprofundada dos dados, relatórios e decisões que marcaram a execução do PRR na área social:
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E deixa a tua opinião nos comentários:
O setor social está a ser bem gerido? E o PRR… foi uma oportunidade perdida?
Podem ser consultados os quadros de dados AQUI
https://ideg.pt/wp-content/uploads/EXECUCAO-FINANCEIRA-–-RE‑C03‑i01.pdf